Sistinas
Androginia
#28

Androginia

"Eu vejo sua dança, sorriso, sua nudez
Doce e lindo rosto
E a promessa, queimando brilhante
Em seus olhos cristalinos
Sua selvagem e violenta sensualidade
O corte que sangra, o beijo que ferroa
Pegue minha mão e me leve
Para o Jardim das Delícias"

Garden of Delight - The Mission

Samantha era uma mulher madura e muito ativa sexualmente. Nem sempre tinha sido assim. Quando ela ainda tinha uma virgindade para preservar, foi convencida pelo então namorado que deveriam praticar somente sexo anal, assim ela se manteria virgem até o casamento. O egoísta também achava que dessa maneira não seria traído.

Bem, de fato. Ela nunca o traiu, até por que sexo era sinônimo de dor. Ardia! Ela só ficava de quatro, ou às vezes de pé, encostada em uma parede ou cadeira, e ele penetrava fundo, nem sempre lubrificado. Era sempre igual, ele bufava enquanto encaixava a cabeçona arroxeada de tesão. Ela sentia seu hálito quente na nuca, e às vezes rezava para tudo terminar logo.

Aí ele falava em amor, segurando a cintura dela e puxando contra si. Enquanto o membro duro e seco entrava, rasgando as delicadas pregas anais dela, ele caprichava em poemas e apelidinhos carinhosos. Porém, quando enfim estava tudo dentro, e ele sentia verdadeiras mordidas em seu pau, o homem perdia a compostura...

Gritava as piores putarias, enquanto metia sem parar, cada vez mais rápido. Repetia o óbvio "como você é apertada, minha virgenzinha vadia", enquanto ela podia sentir até o saco dele batendo em sua intimidade que nunca, mas nunca mesmo, tinha ficado molhada.

Ele sempre gozava dentro dela. Dizia que obrigar uma mulher engolir porra era nojento. Ela até agradecia, pois imaginava o esperma dele fedendo, além do gosto que devia ser horrível! Na verdade, ela odiava sexo. A ideia de ficar sozinha com aquele homem era repugnante, já que depois passava várias horas sem poder sentar. Tudo ardia!

Resumindo, eles não se casaram. E não, não foi pelo sexo, mas parece que algo relacionado a dinheiro... É, cada um tem seu preço, com degradação ou não!

Samantha definitivamente não gostava de sexo, e por conta disso, pensou até em virar freira. O convento de Sistinas sempre tinha vagas para noviças. Chegou a visitar as irmãs, mas, cheia de dúvidas, ela não seguiu por esse caminho. Mesmo assim aquele convento mudaria, sem saber, sua vida. Foi na despedida da Madre:

— Aqui pregamos o amor, pombinha. Vá para casa, e reflita. Nossas portas estarão sempre abertas para te receber, mesmo com os pecados que sujam sua carne.

Ela se assustou, e a Madre continuou:

— Ah, por favor, não faça essa carinha de desentendida. Reparei que não senta direito, além de outros detalhes menores que só uma mulher enxerga na outra. Ao mesmo tempo, você tem cheiro de virgem. Não tema. Aqui lhe serão revelados os segredos do amor...

A mulher sentiu-se envergonhada e despida, e prometeu pensar. Mas, quando ia saindo, a Madre segurou seu braço e beijou sua boca. Não foi um beijo de religiosa, não apenas um leve encostar de lábios. Foi um beijo guloso que queimava de luxúria...

Sua vida mudou desde então. Mesmo não entrando para o convento, ela passou a perseguir a única maneira de se descobrir sexualmente: outra mulher! Quando enfim cruzou com uma lésbica faminta, teve seu primeiro orgasmo. Aprendeu tudo sobre preliminares, pois sua amiga não saía disso, e masturbação.

Seria o par perfeito, mas quando ela se recusou a perder a virgindade para um vibrador, sua amante lésbica, irritada e sentindo-se rejeitada, terminou o relacionamento. Foi assim que ela perdeu muito tempo de sua vida em relacionamentos autodestrutivos e desilusões. No fim, acabou transando pela primeira vez com um homem muito mais velho que gozava em cinco minutos. Porém, ele era rico o suficiente para mantê-la.

Ela mudou-se para a casa dele e virou senhora de um velhaco que tinha diversas mulheres, inclusive uma secretária particular que o fazia deitar-se na rede todas as tardes enquanto lhe acariciava as bolas, lendo estórias eróticas. Quando estava nervoso, gostava de apertar os seios enormes dela, assim como costumava descarregar a tensão sexual toda em suas mãos de fada e boquinha de puta.

Sabendo o tipo de homem com quem agora vivia, Samantha começou com pequenas extravagâncias sexuais, até praticamente se prostituir. Há tempos ela já não transava mais com o velhaco. Foi quando conheceu Michael, que em poucos dias se tornou seu amante e a levou até o auge da sexualidade.

"Mike" era mestre do sexo em lugares diferentes. Já tinham transado no estacionamento de todos os shopping centers conhecidos, em praias desertas e em movimentadas também, além de vários outros lugares. Só não ousavam transar na igreja, onde ela ocasionalmente parava e confessava o único pecado que a condenaria: a luxúria. Para quem chegou um dia a detestar sexo, ela agora era uma ninfomaníaca.

Gostava de experimentações, e molhou a calcinha quando escutou pelo fone a proposta de Michael. Ele pediria para alguém dirigir enquanto os dois transariam no banco de trás. Sam (como ele a chamava nos momentos íntimos) topou na hora, pois rodariam pela avenida principal de Sistinas, até gozarem juntos!

Chegando ao ponto de encontro, Samantha teve um choque. Mike lhe apresentou Alysson, e ela não sabia dizer se estava falando com um homem ou uma mulher! Não sabia explicar, mas aquela pessoa andrógina tinha feições masculinas e jeito feminino. Suas roupas não revelavam nada, nem os cabelos compridos, bem cuidados. Apenas quando a pessoa falou, com uma voz grossa, é que Samantha acordou de seu transe...

— É um prazer te conhecer, Michael fala muito de você. - ele sorriu, e se revelou um homem.

Samantha teve a impressão que ele podia se passar por mulher quando bem-quisesse. Mas a cada segundo ela o achava mais e mais belo, e uma curiosidade violenta foi se acumulando dentro dela. Então o andrógino sorriu amarelo:

— Vamos à nossa aventura? Vocês ainda topam?

Eles ainda topavam. Entraram os três no carro, e em determinado momento ela fez a primeira de muitas perguntas:

— Vocês dois já se entenderam antes? Quero dizer, transaram?

Mike não respondeu nada, mas sorriu. Já o andrógino enrubesceu, e Samantha teve a confirmação. Não gostou de saber que seu macho tinha tendências bissexuais, mas também não queria perder o passeio, que prometia ser bem quente.

Estavam agora em plena avenida, quando Michael percebeu que ela estava sem calcinha. Arrancou violentamente os seios dela do vestido, quase o rasgando, e aproveitou para masturbá-la. Mordia e chupava os biquinhos ouvindo os gemidos débeis dela que formavam uma melodia. Alysson acompanhava a ação toda pelo retrovisor, com um interesse que excitava Samantha.

O homem puxava com os dentes os mamilos dela, que mordia os lábios, e dizia baixinho que queria chupá-lo também. O mais interessante era que todos os outros motoristas percebiam o que acontecia ali dentro!

O andrógino tirou o pau pra fora da calça, e revezava entre se masturbar e trocar de marcha. Na verdade, queria sentir nas mãos nem uma coisa, nem outra, e sim o membro duro e latejante do Mike. Quase sentiu inveja daquela vagabunda sem calcinha, que parou de gemer para fazer um boquete caprichado, com direito a muita saliva, lambidinhas e engolidas.

— Quero que beije o Alysson, minha putinha. - ordenou o homem. A mulher continuava abaixada, engolindo, ignorando tudo. Já o motorista riu alto, e quis saber o porquê.

— Não quer sentir o gosto do meu pau nos lábios vermelhos dela? Vamos, você vai gostar de beijá-la.

Por essa declaração, Samantha percebeu que, na verdade, Alysson era assumidamente homossexual. Gostava de Michael, apesar dos casos que ele mantinha às vezes com outras mulheres. Para não perdê-lo, abria certas concessões.

— Goze primeiro, e eu beberei com prazer dos lábios dela.

Foi a vez de Samantha não gostar da ideia. Aprendeu a gostar de esporradas na cara e na boca com aquele homem, e não abriria mão disso. Chupou e lambeu por mais alguns minutos, quando ele não aguentou mais segurar. Gozou forte, e ela abriu a boca para engolir tudo, mas tomou um violento puxão de cabelos, que a forçou se erguer.

Nesse momento Alysson também gozou e quase bate o carro. A cena da mulher segura pelos cabelos, os lábios e queixo melados de porra, oferecendo-se para um beijo, era demais. Ele parou o carro de qualquer maneira, virou-se e lambeu tudo, deixando o rosto dela limpo. Ela, para agradar seu macho, ainda estava disposta a mais coisas, e puxou o queixo do andrógino, trocando saliva e esperma acumulado entre as duas bocas...

Algum tempo depois eles estavam na garagem da casa de Michael. Ele estava de pé, fora do carro, comendo a mulher por trás. Ela, meio inclinada, chupava o pau murcho e melado de Alysson, que ainda estava no banco do motorista. A cada estocada que sentia, ela gemia e dava uma chupadinha a mais no andrógino.

Naquele ritmo, numa tarde de Sol que parecia aumentar ainda mais a libido, os três gozaram quase juntos. Samantha sentiu pela primeira vez a sensação de ser esporrada por dois homens, e isso deu um colorido a mais em sua sexualidade. Já Alysson, apesar de não gostar de mulher, tinha curtido a ideia de gozar na cara de uma.

Mike se desdobrava entre os desejos de seu amante homo e a mulher. Descarregava nos dois todas suas perversões e práticas sexuais possíveis. Os dois eram fiéis e obedientes como cachorrinhos ensinados, ele gostava assim. Com o passar do tempo, o trio já estava tão entrosado que saíam juntos, se encontravam para beber, depois transar, apesar de Alysson às vezes ainda tratar Samantha como uma intrusa.

Sexo entre a mulher e ele era tabu, até aquele entardecer:

— Homens, eu quero uma dupla penetração. - ela falou.

— Ah, isso é fácil de se arranjar. - respondeu Mike - Vou chamar um amigo meu que tem muito tesão em você e...

— Não, eu quero o Alysson.

— Ah, sinto muito, mas quem não quer sou eu. Deixo isso com o Mike e um amigo dele. - disse o andrógino, meio sem graça com a proposta.

-Vai querer sim, pois ainda eu não te disse como quero essa dupla penetração, aposto que você vai gostar! - ela insistiu.

Diante das recusas cada vez mais nervosas de Alysson, a mulher explodiu:

— Seu veadinho de merda! Não percebe que somos o trio perfeito? Se você libera o rabo pro meu macho, por que não pode me comer também?

Alysson era muito educado, de fala suave e baixa. Gostava de poesia e arte, e detestava o jeito exagerado de mulheres como Samantha. Ficou indignado, mas não partiu para uma discussão:

— Saiba que quando libero o rabo pro seu macho não estou cometendo nenhum crime. Na Grécia antiga era normal que primeira relação sexual de um adolescente fosse homossexual, com homens mais velhos.

— Isso já vem de longe... e hoje pensamos que somos modernos. - resmungou Michael.

— Em Esparta, e na Roma de onde vim, também era esse o costume. Era assim que os efebos herdavam virilidade e força. - Alysson continuou, com tanta propriedade, que parecia ter vivenciado tudo aquilo.

— Não estamos falando disso! Na mitologia grega existem um monte de exemplos de veadinhos como você, como o deus Apolo, apaixonado pelo jovem Jacinto, que até uma flor com seu nome ganhou após a morte!

Michael ria com o debate caloroso. De um lado, a mulher exaltada gritando e de outro o rapaz cada vez mais sereno, falando baixo.

— Não devo satisfações a você, mulherzinha sem cultura. Não falo de mitologia. Minha primeira vez foi homossexual e continuará sendo essa minha escolha. Arranje outro que queira enrabar você. - assim que fechou a boca, levou um tapa.

O rosto de Alysson ficou vermelho por apenas um segundo, e ele não pareceu surpreso. Ela não se desculpou.

— Você gosta de roçar seu pau no dele quando estão sozinhos?

— Claro que gosto. O meu é até maior que o dele. - respondeu o andrógino.

— Eu sei, pois já engoli vocês dois. Agora, por que não fazem isso dentro de mim?

Michael, que até agora estava quieto, respondeu primeiro: "Eu topo!" E antes que Alysson resmungasse qualquer coisa, continuou: "E ele topa também!"

Houve um consentimento silencioso. Para deixar seus homens prontos, Samantha chupava alternadamente os dois membros. Alysson demorou mais para ter uma ereção, mas ela era paciente. Lambia um, descendo a língua úmida até o saco, enquanto masturbava o outro. Quando revezava, engolia um até onde podia, enquanto massageava as bolas do outro. Mike já estava quase gozando, quando ela pediu que se deitasse. Ele obedeceu, e sentiu a mulher encaixando-se devagar, até seu membro entrar todo.

O andrógino observava a cena, sem saber onde se encaixar. Ela percebeu a dúvida e convidou:

— Aqui, coloque junto com o pau do meu macho, no mesmo buraquinho. Está bem lubrificado, vai entrar fácil.

Ele se ajoelhou, e tentou a primeira penetração, sem sucesso. Logo ele, que nunca pensou em foder uma mulher na vida.

— Vai logo, estou te esperando! Tá quentinho e cabem os dois aqui dentro!

E coube mesmo. Alysson estranhou, mas logo que escorregou para dentro, ele tratou de se roçar no vigoroso membro duro de Mike, completando a sonhada dupla penetração vaginal que Samantha tanto queria!

A posição era desconfortável para todos, mas ninguém pensava nisso, de tão gostoso que estava. Era uma experiência inacreditável, mas os três conseguiram mais ainda: gozaram juntos, gritando e se beijando! Nunca tinham gozado tanto assim, e o esperma conjunto escorreu para fora, misturado com os líquidos da mulher.

Soltaram-se após vários minutos recobrando a respiração, e dormiram no chão mesmo, cansados, satisfeitos...

O tempo passou, eles repetiram aquela posição ainda algumas vezes, só que nunca mais conseguiram a química da primeira vez. Alysson começa a ter relações fora do trio, o que acaba parecendo uma traição, aos olhos deles. Michael não podia deixar o clima entre eles esfriar, e, sabendo que podia tudo com sua escravinha do sexo, propõe agora uma dupla penetração anal. Mas Samantha, desde as experiências ardidas de outros tempos, reluta em sentir qualquer coisa invadindo seu rabinho, imagine duas!

Foi só quando Alysson deu a entender que tentaria dupla penetração antes dela, que a mulher acordou. Porém, meio enciumado, Mike quis saber quem era o novo homem que andava saindo com seu parceiro homossexual.

— Ele é negro, alto, forte, e bem-dotado. Trabalha como segurança em uma famosa casa noturna, vocês vão gostar dele. - ironizou, olhando de lado para a mulher. Queria ver a vagabundinha aguentar todo aquele dote de quatro. Apesar de não gostar muito da ideia, Mike quis conhecer o tal dotadão. Esse encontro aconteceria logo após a morte e o enterro do velhaco que sustentava Samantha. Ela herdou a casa e uma boa soma em dinheiro...

Spot estava no carro, e Alysson dirigia, a caminho do encontro.

— Como é trabalhar com ela?

— Quem? Valerie? É um prazer e também uma honra. - respondeu Spot.

— Tenho interesses nela, e no modo de vida dela. - o andrógino comentou, sombrio.

— Que tipo de interesse?

Alysson sorriu levemente, segurando o volante com mais força, mas fez uma cara de "deixa pra lá", e mudou radicalmente de assunto.

— Você já deu o rabo alguma vez?

— Não, nunca senti vontade nem vejo necessidade nisso. Mas se quer saber já comi alguns homens e também pratico anal com algumas mulheres que fantasiam com meu dote, mas ainda prefiro sexo vaginal.

— Não sabe o que está perdendo. E com homens, o que você gosta?

Spot vacilou um pouco... "Um esfrega-esfrega bem quente, sexo oral e masturbação."

— Quer saber o que penso? Sou andrógino, mas assumidamente homo. E você é um maldito bissexual. Ou pior, acho que você é uma bicha que não tem coragem de se assumir.

— Preconceito agora, Alysson? Não combina com você. Esquece o mesmo preconceito que os héteros tem, pensando que são superiores a você por serem tão "machos"?

Alysson ficou quieto, e não falou mais nada até chegarem na casa de Samantha. A mulher ainda vestia roupas de luto, e estava mais sexy do que nunca. O ar de hipocrisia que ela levava no rosto provocava mais a libido dos três homens que ali estavam.

— Ouvi falar muito de você e suas fantasias sexuais, Samantha. - começou Spot.

— Desde quando você sai com meu... com o Alysson? - cortou Michael.

— Já faz algum tempo. E ele me contou sobre vocês, quis me apresentar, e aqui estou.

Samantha molhava devagar os lábios, ansiosa. Alysson esfregava freneticamente as mãos, pensando no enorme volume que a calça do convidado guardava. Já Michael era o único insatisfeito da sala. Teria que dividir sua mulher e seu rapaz, seu "efebo moderno", com outro homem, e não gostava dessa ideia. Sentia-se ameaçado. Talvez por isso seja o único a reparar alguns detalhes perturbadores em Spot. Sua pele não era tão negra, parecendo mais desbotada, meio pálida mesmo...

— Você o quer? - ele perguntou enfim à mulher.

— Sim, e eu sei que você também quer observar. - ela desafiou - E o Alysson também não consegue se conter mais.

Michael então não podia fazer nada. Afundou-se confortavelmente no sofá, enquanto sua Sam ficou de pé entre eles três. Levantava devagar o vestido e o soltava, numa espécie de strip hipnótico. Alysson colocou a mão por dentro da calça, distraído.

Spot estava visivelmente excitado. Seus olhos estavam injetados, quase pulando em cima da mulher que agora descia uma das meias escuras, descobrindo a pele aveludada de uma perna bem torneada. A outra, quando ela tirou, jogou no rosto de Michael.

— E eu, o que ganho? - brincou Alysson.

— Que tal nos mostrar o tamanho do dote de nosso ilustre convidado? - respondeu rápido a mulher.

O andrógino ajoelhou entre as pernas de Spot, e desceu seu zíper. Alcançou a cueca, e tirou uma massa de carne negra para fora, com a alegria de uma criança.

Michael riu e disparou: "É, parece ser grande... mas será que essa porra sobe?"

O olhar que recebeu de volta do homem que fazia a segurança do Princess of the Night o deixou com tanto medo, que o riso morreu em sua garganta.

— Oh, é verdade. Spot, que tal uma ereção? - desafiou também Samantha. Ela, mais que todos naquela sala, queria senti-lo duro quanto antes.

O convidado ficou ligeiramente constrangido, e emudeceu. Com apenas um olhar pareceu pedir ajuda ao andrógino.

— Bem, é que ele... Sabe, tem problemas de ereção. É muito grande, e por isso nunca fica totalmente duro. Mas concordam que é muito excitante de se ver?

Não, Mike não concordava, mas não se atrevia a dizer mais nada sobre aquele meio homem meio demônio. Estava intimidado.

— Ainda não nasceu o cara que vai ficar mole comigo. - xingou a mulher, jogando Alysson de lado. Tomou seu lugar entre as pernas de Spot, e o pegou nas mãos. Admirou como era grande, carnudo, cheio de nervuras exageradas. Teve até medo de acordar aquele falo de ébano e depois não o saciar. Lambeu devagar, descendo até o saco. Criou coragem e engoliu uma das bolas. O negro não dava sinal algum, e ela engoliu o saco inteiro, com cuidado. Subiu passando a língua até chegar na cabeçorra. Caprichou, e o pau ainda continuava meio mole.

Michael levantou-se, irritado. Saiu da casa numa atitude movida por ciúmes, mas que depois se mostraria muito sensata...

Samantha estava obcecada, precisava ser possuída por aquele segurança. Desceu as alças do vestido e do sutiã, e esfregou seus seios pequenos e branquelos no membro flácido de Spot. Passava os mamilos, estes sim grandes e marrons, e nada acontecia...

— É tudo uma questão sanguínea, não é mesmo? - disse de repente Alysson.

— Como assim? - perguntou Samantha, toda interessada. Não sabia, e nem precisava disfarçar seu desejo, mas soava meio patética, vulgar demais.

Spot sabia que Alysson escondia algo diferente em sua androginia. Fizera perguntas sobre Valerie, e agora citando claramente sangue...

— Se ele beber um pouco de sangue, aposto que seu pau ficará a noite toda duro.

A mulher sorriu sem acreditar muito, mas, ao mesmo tempo tinha esperanças. "É verdade o que ele tá dizendo?"

Spot decidiu que mostraria a eles. Levantou Samantha, e a sentou em seu colo, de pernas abertas, como se fossem encaixar os sexos. Puxou os cabelos dela para trás, e o pescoço lhe pareceu apetitoso. Spot mordeu e o sangue escorreu.

Mas Spot não era um vampiro, apesar de Alysson pensar que sim. Sua anatomia era humana, mas a semente da raça maldita de Valerie estava plantada nele. Seu membro começou a endurecer na mesma proporção em que a vida de Samantha se esvaía.

— Que delícia... - resmungou o andrógino, ajoelhando-se entre as pernas de Spot. Engoliu seu pau duro. Perdeu-se nesse prazer momentâneo e nem percebeu quando Samantha morreu com a jugular aberta, esguichando. Hemorragia fatal.

Spot jogou o corpo da mulher de lado, e segurou a cabeça do andrógino. Os olhos dele brilharam de prazer e consentimento, e então o segurança meteu tudo até engasgá-lo. Seu saco escrotal bateu no queixo de Alysson, que sentiu ânsia de vômito. Aquilo tudo em sua garganta incomodava, e quando apoiou as duas mãos nos joelhos de Spot para se libertar, teve sua cabeça torcida, violentamente. Caiu morto, com o pescoço quebrado.

Mais tarde, na noite daquele mesmo dia, Valerie olhava para Spot com ar enigmático.

— Alysson tinha descendência italiana, e era herdeiro direto da dinastia de Fulcanelli, um antigo e famoso alquimista. Perseguia o elixir da vida eterna, e também os vampiros. Soube que ele estava em Sistinas desde o mês passado.

— Olha Valerie, eu sei que minha tarefa é protegê-la de seus inimigos, apesar de saber que você pode se virar muito bem sozinha. Tenho até pena de quem se atreve a te desafiar...

Os olhos verdes dela faiscaram, mas Spot continuou falando.

-… mas eu não tenho que me sujeitar à certas coisas. Aquele andrógino do caralho...

A dona do Princess of the Night interrompeu, ignorando as palavras, e retomou o outro assunto:

— Alysson descobriu o elixir. Ele desvendou o grande mistério da alquimia, "solve et coagula", ele concluiu a grande Obra. Era um humano imortal, pode imaginar? Perdeu todos os pelos do corpo, os dentes e as unhas. Claro que depois cresceram novamente, e ele rejuvenesceu e ganhou aquela aparência andrógina.

— Foda-se, ele agora está morto como você ordenou. Mas, como eu ia dizendo, não tenho que me sujeitar à certas degradações, não mesmo! - disse Spot com raiva, querendo mostrar convicção.

— Ah, você tem sim. - ela ironizou, docemente - Quando te dei meu sangue, deveria saber o tipo de acordo que estava fazendo, meu fiel Spot... Eu ordeno e você obedece, é simples assim. - sua voz era autoritária agora, e escondia ameaças em cada letra. Ela trajava uma capa de chuva. Lá fora a noite estava molhada e cheirando a ozônio.

— Onde vai, mestra? - ele perguntou, rendido.

— Beber sangue, meu segredo particular de longevidade. Esqueceu que deixou Michael vivo?

O segurança ficou quieto, olhando enquanto a maior das predadoras noturnas de Sistinas saía para caçar. E suas lembranças voltaram do passado...

Ele ainda lembrava bem do seu primeiro encontro com Valerie, uma branquela anoréxica que, após quebrar quase todos os ossos de seu corpo, lhe disse com voz de veludo:

— Preciso de um homem como você para me proteger. Tenho muitos inimigos. Posso te pagar um bom salário, mas você ainda é fraco.

— Me faça igual a você, então. - ele resmungou, sem ter noção exata do que pedia. Suas palavras saíam doloridas e se misturavam com sangue, pois ela tinha socado sua boca. Uma, duas vezes.

— Não. Você nunca será meu igual. Será meu servo, meu guarda-costa, meu cão de caça no máximo. Mas, mesmo assim, quando eu te der meu presente sombrio, sua mandíbula deslocada não vai doer mais.

Desde que bebeu dela nada mais doeu. Nunca mais ficou doente, nem envelheceu um minuto sequer. Tudo pelas míseras gotinhas vermelhas dadas por Valerie.

Não, Spot não era nenhuma porra de vampiro maldito, mas tinha o sangue amaldiçoado deles correndo em suas veias...


Comentários do autor

O andrógino faz parte do mundo dos arquétipos. Aparece na forma de imagens, em sonhos, nos trabalhos dos alquimistas, nas visões xamânicas e nos mitos de Criação. Deus tirou uma costela de Adão para criar a mulher; o primeiro feminino foi retirado dele e ele continua masculino, ou seja: um andrógino. Esse aspecto da criação sempre atiçou minha curiosidade, e eu tive que escrever sobre isso.

"Androginia" foi publicado originalmente em 16.02.04.


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