Sistinas
Corações Negros - parte 2
#26

Corações Negros - parte 2

"Ao redor do fogo, um círculo de treze
Por toda a floresta, gritos extasiados
Eu olho no fundo de seus olhos
Eu cheiro seu cabelo, acaricio suas coxas

Agora nós vamos fazer amor sob a luz do fogo
Uma chama tão alta que ilumina a noite
Longas unhas cravando em minha pele
Você tão úmida me convida a penetrar"

Be my druidess - Type O Negative

Vou repetir a pergunta que fiz à sua filha. - começou o vampiro - O que vocês querem de mim, bruxas? Por que me despertaram?

— A Donzela não é minha filha. Pelo menos, não carnalmente. Assim como a Velha também não tem parentesco conosco. - resmungou a Mãe. - Os laços que nos unem estão além disso: somos as Hecatae, sacerdotisas da deusa maior.

A Velha nesse momento invocava realmente a imagem clássica de bruxa. Ela mexia vigorosamente um líquido fumegante num caldeirão preto com detalhes em ouro.

— O acordo é o seguinte: nós o protegeremos durante o dia, contra o Sol e seus inimigos. Terá suas noites livres para caçar, se alimentar. Em troca de nossa proteção, terá apenas que partilhar conosco sua imortalidade. - falou a jovem.

— Só isso? Partilhar como?

— Beberemos do seu sangue. Faremos rituais com ele, nos banharemos. E, como prova de nossa boa vontade, vamos arrancar seu coração. - resumiu a Mãe.

— O quê? Estão malucas? Saiam da minha frente antes que eu mate as três!

— Homens... não tenho mais paciência com eles. Apressados, imbecis. - explodiu a idosa, ainda remexendo seu caldeirão.

— Retirar seu coração vai eliminar uma grande fraqueza sua. Terá mais controle emocional, além de não poder mais ser empalado, compreende?

O vampiro pensou um pouco. Parecia ser um acordo bom para ele, assim como para elas. Também não tinha absolutamente nada a perder.

— Tudo bem. Vamos tentar, mas se algo der errado... volto novamente do inferno, e vocês pagarão com as próprias vidas!

Momentos depois, ele estava firmemente amarrado à mesa improvisada das bruxas:

— Por que as amarras? Acham mesmo que essa fina corrente vai me segurar?

— Vai ser dolorido. Você vai querer nos matar, pois a dor vai te cegar. Mas acredite, não é uma corrente normal. Ela foi feita com o ruído que um gato faz ao andar, com barba de mulheres, raízes das pedras, respiração de peixes, a sensibilidade do urso e cuspe de aves diversas. Por isso é tão lisa e macia, mas ela é capaz de segurar o próprio lobo Fenris até o Ragnarok!

A Velha demarcou, derramando velas pretas, o local exato no peito do vampiro. A Mãe começou a rasgar carne e pele com uma adaga prateada, enquanto a Donzela lia fórmulas mágicas. Para ele, soavam apenas como rimas ridículas de criança, e por um instante chegou a duvidar da seriedade do ritual.

Enquanto a mulher cortava apenas a camada superficial da pele, o vampiro estava tranquilo. Quando começaram a aparecer as primeiras gotas vermelhas, a idosa correu os dedos no peito dele, e lambeu.

— Estou intimamente ligado ao sangue - gemeu o desmorto - pois quando morri foi esse o último gosto que senti na boca. Assim como foi ele que me levantou da minha primeira morte...

— Seu sangue será nosso também, vampiro. - ao dizer isso, a Mãe enterrou fundo a adaga. A criatura se debateu na mesa, e a corrente quase cedeu aos espasmos dele. A Donzela suava enquanto continuava a entoar as palavras mágicas que ativariam o ritual.

O coração dele era negro. Sem vida alguma, pois não bombeava mais o líquido vital, sua função era apenas mística. Após a retirada do órgão, a Donzela despejou sangue de morcego em cima da incisão. À beira do desmaio, ou da loucura, enquanto a cicatrização sobrenatural de seu peito começava, ele perguntou, entre o sussurro e o grito de dor:

— Por que... o sangue... de morcego?

-Desmodus rotundus. É tão sanguinário quanto você. São da mesma espécie, pense dessa maneira.

Ele ainda estava olhando para a doce Donzela, que o respondia com voz de veludo, quando começou o espetáculo tétrico. A Velha pegou o coração negro e mordeu. O vampiro sentiu essa primeira mordida. Se pudesse teria mesmo arrebentado a corrente sedosa, sentindo pontadas que pareciam querer arrebentar seu peito vazio também.

A idosa comeu exatamente um terço do coração. Passou aquele pedaço enegrecido de carne para a Mãe, que comeu mais um pouco. Em momento algum a dor do vampiro diminuiu, pelo contrário, aumentava à cada pedaço mastigado. Quando chegou a vez da jovem, ela ouviu a criatura acorrentada dizer:

— Acabe com isso... logo... sua puta... ou, quando me levantar daqui... juro que empalo vocês todas, do rabo até sair pela boca... - e então desmaiou.

— Está feito. Somos imortais também, Velha?

— Ainda não. - respondeu a idosa, olhando dentro do caldeirão - Precisamos terminar o ritual na floresta, assim que o vampiro se recuperar. Esta noite, vamos caçar por ele!


"O que fazem três mulheres contratando uma garota de programa?" - a caçadora, conforme as informações que seu superior tinha do vampiro, estava vigilante. Quando elas saíram da casa, achou melhor seguí-las.

"Devem ser as escravas dele. Zumbis. Dizem que os vampiros dominam mesmo as mentes mais fracas. Hipnose, eu acho."

Minutos mais tarde, ela se aproximou da janela. Tremia, afinal, era sua primeira missão. Na verdade, Lorelei estava com medo. E infelizmente era tarde demais para salvar a moça, que tinha sido retalhada. Seu sangue serviu para banhar e cicatrizar o vampiro. Soltaram-no da corrente, e a criatura da noite se ergueu, completamente fortalecida.

"Ele vai me ver, sentir minha presença aqui. É melhor voltar durante o dia, quando estiver vulnerável, dormindo." - então, furtiva como chegou, ela foi embora.

A noite pareceu durar para sempre. Lorelei não conseguia dormir, e nem tirar o vampiro da cabeça. Mas não pensava nisso como caçadora. Ela sentiu algo ligeiramente profano quando viu a criatura nua se levantar entre aquelas mulheres. Será que elas transavam com ele?

"Meu Deus, tinha uma idosa lá! Que tipo de fornicações andam praticando naquela casa?"

Adormeceu, descansou, e o dia seguinte amanheceu muito rápido. Dia lindo de Sol. Perfeito para se combater as trevas que andam pelo mundo de Deus. Lorelei estava ansiosa. Estava angustiada em cumprir logo sua missão. Vestiu-se apressada, ajustando a roupa em couro negro. A grande cruz maltesa branca no peito transmitia respeito. Incorporava a ela um espírito de glória. Era mesmo uma Hospitalária.

Voltou à casa da noite passada. Era uma construção diferente, aspecto envelhecido, e os jardins tinham plantas e flores estranhas demais para Lorelei. Espécies desconhecidas. A caçadora estava tão preocupada com o vampiro que não conseguia perceber esses detalhes, essas pistas.

Tudo estava mergulhado no escuro e silêncio, e ela abriu uma janela lateral com a mesma destreza de uma ladra. Preparou uma estaca de prata, e imaginou que o vampiro estivesse adormecido no porão. Estava relativamente fácil.

Ele estava deitado nu, o corpo ainda manchado do sangue da prostituta. Uma cicatriz repugnante lhe cortava o peito, e a caçadora não imaginava o que seria aquilo. Apenas posicionou a estaca. Tremia tanto que ela quase caiu da sua mão. Com o cabo prateado de sua espada, ela bateu firme. Uma, duas vezes. Batidas secas e...

"Sem efeito? Ele não deveria gritar, ou evapor..."

Não terminou o raciocínio. Tomou uma pancada fortíssima na nuca, e caiu. Antes de desmaiar viu as três mulheres saindo das sombras, e a mais jovem delas chutou sua boca...


— Aprenda criança. O ritual tem que ser terminado aqui, na floresta, sob a luz da Lua. - dizia a Velha encarando a Donzela. - Os gregos diziam que adorávamos Zeus em forma de um carvalho gigantesco. Era verdade, venerávamos os carvalhos e o visco que nele crescia.

— Por que aqui? - perguntou a jovem.

— Aqui é nosso Nemi, nosso santuário. Estamos longe de olhares curiosos. Podemos sacrificar a inimiga do nosso filho-amante sem nos preocuparmos... - respondeu a Mãe, enquanto terminava de trançar uma grande estátua de vime, madeira e folhagens. Oca por dentro, a estátua era do tamanho exato de Lorelei.

— Vamos queimá-la? Como nas fogueiras de Beltane? Uau, que barato!! Mas, mas... Não precisamos erguer um "cairn" para consagrar o sacrifício?

A Mãe sorriu da doce ignorância da jovem:

— Não, criança. Só erguemos um cairn para adoração ao Sol. É noite. Preparamos o "cronlech", um simples altar, onde nos deitaremos.

Foi quando entrou na clareira o vampiro nu. Trazia os restos de um lobo. O luar refletia as gotas de sangue que pingavam de seus lábios e unhas.

— Enfim você chegou. Está alimentado, pronto para nós... - resmungou a Velha, ansiosa em terminar logo o ritual. Elas eram mortais, frágeis mulheres. Mas, quando a noite terminasse, seriam tão imortais quanto o vampiro.

— Queimamos a intrometida antes? - perguntou a jovem, quando percebeu que Lorelei estava acordando.

Antes que a caçadora pudesse entender o que acontecia, foi separada de suas armas e roupas e colocada dentro da estátua de madeira entrelaçada. Fecharam a estrutura e amarraram firmemente. Presa, Lorelei começou a gritar. Sem resultado. Gritou mais, e então parou para tentar ver, ou ouvir, o que acontecia lá fora...

O vampiro estava deitado no Cronlech, o altar de pedras, esperando por suas três amantes bruxas. Ao redor dele, elas tiravam as roupas, banhando seus corpos ao luar.

— Eu quero você! - disse o morto-vivo, apontando para a Mãe. - Já trepei com a Donzela, e não quero essa Velha encostando-se em mim!

— Você terá a nós todas, ou nenhuma. Saiba que é degradante para mim também, criatura. - respondeu a idosa. - Acha mesmo que transaria com um desmorto, se tivesse outra opção?

— São malucas. Querem a vida eterna. Já estou farto da minha. É um fardo que não suporto mais carregar. Deviam ter despertado outro vampiro qualquer.

— Que aconteceu com seu instinto de sobrevivência? Estamos lhe dando a chance de ser o mais poderoso de sua espécie maldita. E ainda te protegeremos, por um motivo muito simples. Estamos ligadas a você. Se algo acontecer com qualquer uma de nós, você morre. Se acontecer com você, nós morremos.

— Vai amarelar, seu vampiro de merda? Já fomos longe demais pra recuar agora! - gritou a jovem. Lorelei se debatia em sua prisão de madeira e folhagens. O olhar do vampiro faiscou.

— Estou pronto. Vamos terminar logo esse maldito ritual! É apenas sexo agora, não?

A Velha tomou a iniciativa. Foi quem se ajeitou em cima dele, encaixando-se devagar, como se degustasse a sensação de novamente estar abrigando um pau duro dentro de si. Gemeu baixinho, enquanto seus seios caídos, flácidos, balançavam.

A Mãe e a Donzela se beijaram, e então se juntaram ao lado do vampiro. A jovem desceu as mãos pelo peito dele, ao longo da cicatriz do coração negro. Molhou os dedos nos lábios decrépitos da Velha que ainda gemia. Desceu mais, apalpando as coxas tensas dele, e continuou a descer...

— Chupe meus seios. - ordenou a Mãe, colocando-os na boca faminta da criatura. Ele mordiscava e lambia vorazmente ao redor dos mamilos. Alcançou entre as pernas dela, e a masturbava com a mão esquerda. A mão direita estava fechada sobre o rosto da Velha, como se ele não quisesse encarar as feições dela.

Ele ouviu em sua mente uma voz doce e juvenil sussurrar "bate na cara dessa velha", e involuntariamente ou não, ele aplicou um belo tapa no rosto da anciã. Os cabelos grisalhos espalharam pela noite, e cobriram o rosto dela, que resmungou:

— Filho da puta... assim eu gozo... - ela então começou uma série de contrações vaginais que o levaram quase à esporrar, inundar as carnes envelhecidas. O vampiro estava mais à vontade, agora gostava da coisa.

"Que droga! Esses filhos do demônio transando e eu aqui presa!" - debatia-se a caçadora, desesperada. - "Subestimei as mulheres. Achei que eram meras escravas, mas não. São fornicadoras do diabo também, tão perigosas quanto o morto-vivo! Mas agora conheço o ponto fraco deles!"

Alheios aos pensamentos de Lorelei, o grupo permanecia trepando com mais e mais intensidade. A velha agora cavalgava o vampiro em uma posição tântrica, enquanto a Mãe beijava sua boca, lambendo e mordendo seus lábios. A mais jovem das figuras femininas estava ajoelhada aos pés dele, chupando delicadamente seu dedão. Às vezes passeava delicadamente a língua entre o vão dos dedos, e voltava a engoli-los, fazendo um delicioso barulho molhado que ecoava longe na floresta...

A Velha segurou a mão da mulher, pedindo que a masturbasse também. Em minutos, ela se contorceu e chegou ao orgasmo, deixando úmido o membro do vampiro. O líquido que escorreu era tão abundante que desceu molhando as bolas do saco dele. Ela obrigou a Donzela a chupá-lo. "Sinta meu gosto, criança. É minha seiva, que vai te alimentar."

A Mãe resolveu cavalgá-lo. Quando percebeu que a jovem tinha chupado o suficiente, que ele estava bem mais duro para fodê-la, sentou-se com gosto, rebolando. Adorava ficar por cima, sempre. A Donzela sentou-se no rosto dele, assim ele chupava e lambia sua virilha e partes íntimas. O cronlech improvisado na floresta era grande o suficiente para caber toda aquela orgia.

— Sabe, dizem que a mordida de um vampiro é excitante, inebriante... Mas nada se compara à maneira como essas criaturas chupam uma mulher! Que tesão, vou me acabar na sua boca!

Ele enfiava a língua dentro da jovem, e girava. Lambia com força o clitóris dela, puxando suas carnes molhadas com os dentes afiados, e ela sentia uma aflição gostosa. A Mãe continuava a cavalgada furiosa, enlouquecida com o que sentia: a Velha abria suas nádegas e enterrava a língua em seu ânus, molhando tudo, e alternava com lambidas no saco do vampiro. Juntando isso com as estocadas fortes que levava no útero, a mulher estava quase gozando.

"Deus! Não sei se torço pra eles transarem a noite toda, ou para terminarem essas perversidades logo! Vão me queimar viva logo após esse rito sexual!"

— Vem com sua porra, meu amante vampiro. - gritou a Mãe - Me batize, lambuzando minha flor quente com sua frieza, essa rosa que desabrocha todas as noites entre minhas coxas, e que apesar de molhada está sedenta, e que não cessa de pedir por esse seu membro duro, grosso, nervudo e latejante! Molha, me enche de porra, goza comigo agora!

A Donzela estava gozando, molhando os lábios e o rosto do vampiro, rebolando e também se esfregando nele. Puxando seus cabelos, logo atrás, estava a Mãe, o corpo arqueado de tesão, tremendo e sentindo um caldo gelado lhe invadindo as entranhas, se misturando ao seu próprio orgasmo. O vampiro também estava gozando. A Velha assistia à cena, apertando e beliscando os seios da mulher. Estava feito. Os quatro estavam ligados por bem mais que sangue, magias ou mesmo esperma.

Lorelei se desesperou. Um silêncio reinava. Ela ouvia a respiração arfante da Mãe e da Donzela. O vampiro sorria baixinho, e a velha falava algo parecido com "Teir Nos Ysbrydion".

— É mesmo uma das nossas Três Noites dos Espíritos, Velha. Agora o vento sopra nos pés dos mortos, e nós continuaremos vivas, para sempre!

— É ali que está presa aquela que tentou me matar? - perguntou o vampiro, quebrando o clima de celebração das três mulheres.

A Donzela olhou com raiva para a grande estátua que prendia a caçadora, e sorriu:

— Vamos acender o fogo?

"Domine Iesu, dimitte nobis debita nostra, salva nos ab igne inferiori, perduc in caelum omnes animas, praesertim eas, quae misericordiae tuae maxime indigent." - orava Lorelei, em prantos. Definitivamente pensou só no vampiro, e esqueceu de que as bruxas eram perigosas. Um erro de principiante, que lhe custaria a vida. Que maneira inglória de uma Hospitalária morrer!

— Que luz é essa? - gritou a Velha, acendendo uma chama de esperança no peito de Lorelei.

— Nosso julgamento. - respondeu calmamente o vampiro, como se pressentisse algo.

— Taca fogo logo nessa vadia, Mãe!

A mulher acendeu o fogo, que parecia queimar mais rápido que o normal. Então dedos de marfim se enterraram no vime, abrindo caminho e dilacerando aos poucos a prisão de Lorelei. Ela caiu para fora nua e ainda desorientada, com algumas queimaduras leves, mas viva. Uma mulher estava parada à sua frente, e uma leve brisa soprava seus cabelos.

— Por Deus, quem é você? - perguntou a caçadora. Ao longe, um lobo uivava.

— Você orou, Francesca. Dirigiu suas preces à Fátima, mas eu atendi seu chamado. Pegue sua espada prateada. Você é uma das minhas, também combate o mal que se alastra na face da Terra. - respondeu-lhe docemente Nadya. - Atos imundos tiveram lugar nessa floresta, cabe a você agora erradicar essas criaturas.

Só então Lorelei entendeu que fora salva por um anjo. Empunhou sua espada, e procurou pelas três mulheres, que tinham fugido assim que Nadya apareceu. Apenas o vampiro estava deitado no altar das bruxas, o membro flácido pendurado, ainda molhado com as secreções delas. Tinha um olhar de escárnio estampado no rosto.

Nadya, o anjo caído de Sistinas, observava de longe, enojada. Pensou em perseguir as bruxas, mas foi detida por Lorelei. "As quatro vidas estão ligadas. Basta matar o vampiro, que elas também morrerão."

— Quer me matar, cavaleira? Que venha então, mas faça com que seja de maneira definitiva. Eu não quero renascer. Quero descansar em paz.

Lorelei aproximou-se. Lembrou-se da ineficiência das estacas, e então levantou a espada, que brilhou ao luar. Iria decapitá-lo, e depois queimar o corpo no fogo. Sim. Era o suficiente.

— Você também ficou excitada, não? - provocou o vampiro. - Na verdade, desejou também ser possuída por mim. Confesse. Deve ter ficado com os peitinhos duros de tesão. Sentiu o cheiro de sexo, ficou no cio também, presa ali dentro.

A caçadora vacilou, surpresa. Não soube definir o que sentiu. A espada pareceu pesada demais por um breve instante.

— Você é bonita. Deliciosa. Eu ia segurar seus cabelos e enfiar meu pau com gosto nessa sua boquinha, calando suas orações, te pegar de quatro, transformá-la na cadela safada que você é.

— Basta! Mate-o logo, Francesca! - gritou Nadya, irritada.

Antes que o vampiro reagisse à voz do anjo, Lorelei decepou a cabeça dele, separando-a do corpo. Os olhos ficaram vermelhos como brasa e depois totalmente negros. O peito dele explodiu, mesmo não tendo mais o coração ali dentro.

— E as mulheres?

Longe, no meio da floresta, as três bruxas estavam abraçadas. Temiam por suas vidas. A Velha foi quem sentiu o toque da morte primeiro. Sua cabeça caiu decepada ao mesmo tempo que a do vampiro. Um lobo primeiro, depois cães, uivaram em meio a um nevoeiro, seguidos por corvos e corujas.

— Mãe! Estou com medo. O que está acontecendo? - choramingou a jovem.

— Hecate, a senhora dos mortos. É a caçada selvagem, Donzela. Fantasmas e animais astrais que passam com sua mestra recolhendo as almas mortas do dia. - antes que a Mãe terminasse de explicar, seu peito explodiu. Ela tombou e um vazio tomou conta de seus olhos.

— Não me deixe sozinha! - gritou a Donzela.

Um vulto feminino apareceu para ela, entre as árvores. Trajava um vestido feito das estrelas da noite e carregava uma tocha enfraquecida. Foi nesse momento que a pele da pequena bruxa começou a escurecer e queimar, causando dores terríveis até sua morte, ao mesmo tempo em que o vampiro torrava, jogado nas chamas, com a estátua de madeira entrelaçada, onde Lorelei deveria ter morrido...


Comentários do autor

Esse final em que o "Vaticano" com a ajuda do anjo destrói as bruxas foi uma analogia minha em relação à caçada implacável que o catolicismo fez com as antigas religiões pagãs, usando principalmente a Inquisição como arma.

Lorelei buscou forças em "Oratio Fatima".

Essa conclusão foi publicada originalmente em 12.09.03.


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