"Eu quero que vocês me vejam bem
Ich Will - Ramnstein
Eu quero que vocês me entendam
Eu quero suas fantasias
Eu quero suas energias"
#54
O senhor das bonecas - Parte 2
"Luz".
A pretendente a boneca - a Candidata - se dirigiu de maneira graciosa ao único ponto iluminado daquele lugar misterioso. Pareceu caminhar uma eternidade, teve tempo de jogar duas vezes os cabelos por trás das orelhas. O eco de suas botas indicava que era uma sala ampla. Seu coração produzia um som ensurdecedor, a ansiedade beirava a falta de ar. Controlava os passos e repetia mentalmente as instruções "ajoelhe-se com o quadril apoiado nos calcanhares, joelhos juntos e pouse suas mãos nas coxas." Imaginou a Secretária assistindo a essa caminhada pelo monitor de sua mesa lá na recepção e se excitou com a ideia. Posicionou-se no centro da luz e, com toda sua delicadeza, ajoelhou-se.
— Psiu. - um sussurro cortou o escuro que a circundava.
Estando na claridade, a Candidata não conseguia acostumar os olhos pra enxergar quem a chamava nas sombras.
— As palmas das mãos, querida. Pra cima.
Ela relembrou: "Ajoelhe-se com o quadril apoiado nos calcanhares, joelhos juntos e pouse suas mãos nas coxas, voltadas para cima." O sussurro tinha razão. Mas quem estava ali com ela?
— Olá?
— Não, não fale. Aguarde em silêncio. - respondeu outra voz, mais jovial que a primeira. Mal sabia a Candidata que aquele aviso seria a última coisa dita de livre e espontânea vontade pelas bocas daquele recinto.
Quieta, deduziu que várias bonecas estavam ali com ela. Aos poucos foi percebendo uma respiração um pouco mais alta aqui, um suspiro discreto acolá, e um som que imaginava ser de saltos tocando o piso conforme pernas se cruzavam. Dezenas de saltos, muitos mesmo.
Estava se concentrando nesses sons esparsos quando Ele adentrou a sala. Um silêncio opressor se instalou junto, e nada mais se ouviu. A própria luz pareceu ceder um pouco. A temperatura, até ali agradável, caiu sensivelmente, como se Ele sugasse todo o calor e energia do ambiente. Seus mamilos enrijeceram, suas coxas e braços arrepiaram. Todo seu corpo respondeu àquela presença.
A luz mudou para um tom avermelhado e seu raio aumentou, aos poucos iluminando os arredores. Ela pode divisar dois enormes sofás semi-circulares, um à esquerda e outro à sua direita, cheios de garotas amontoadas. Algumas sentadas, outras trepadas no móvel, apoiadas nos braços, deitadas por cima das coxas das companheiras.
Bonecas.
O Mestre, o Senhor, permanecia de pé entre todas elas. Seu rosto mesclava com as sombras, e o corpo vestia um robe tão escuro quanto. Tecido leve e sutil como seda, que marcava as curvas rústicas daquele torso. Ele estava descalço. Ela segurou o ímpeto de se jogar aos pés dele e lamber seus dedos. Tentava controlar a respiração, como uma menininha, para que seus seios parassem de subir e descer tão descompassadamente. Ainda não sabia explicar o que aquele vulto emanava. Só queria estar ali, ao alcance das vontades dele. Pertencer.
"Fale comigo, Senhor. Mostre que sou digna." - pensou, a inquietude estampada no olhar.
Mas não foi a voz dele que ouviu. Alguma boneca à sua esquerda sussurrou, uma voz que soava doce e não combinava com a entonação perigosa da pergunta: "Quem te deu o número?"
A Candidata puxou pela memória. Tinha sido um figurão, dono de duas ou três empresas, que lançaria sua candidatura ao senado no ano seguinte por um partido conservador. Disse o nome.
— Hum, conheço. - dessa vez o som veio da direita, outra voz, mas a mesma entonação ao falar: Então você anda em má companhia pela noite? Mas ele é bom nessa coisa de selecionar mulheres... Olhe pra você, que beleza. Me servirá bem.
— É o que mais desejo nesse momento... - ela esperou quase dois segundos, então arriscou terminar a frase - ...Senhor.
Uma jovem com traços orientais adiantou-se um pouco no sofá, quase deixando as sombras e invadindo a luz avermelhada. Foi a primeira figura que a Candidata conseguiu enxergar completamente naquela sala, um não-vulto.
— Não olhe pra elas, olhe PRA MIM. - a boca vermelha de batom sibilou no lugar de seu Mestre, revelando um ventriloquismo tão macabro quanto intrigante. Elas todas falavam por Ele, e era somente Ele que colocava as palavras em TODOS os lábios presentes.
A Candidata obedeceu, fixando o olhar na figura encapuzada que separava as sombras do limite da luz. Outra voz se manifestou, à destra dele:
— Deseja ser um objeto meu, um instrumento de minha vontade? Deseja que eu fale através de você, assim como faço com todas elas?
— Trouxe meu corpo para que disponha dele, Senhor.
— Tenho bonecas de todos os tamanhos e formatos (a Candidata já tinha entendido que o Senhor usaria todas as bocas presentes na sala, então deixou de prestar atenção nos timbres das vozes e se concentrou no que era dito através delas) pois os padrões de beleza feminina mudaram desde a renascença italiana, a era vitoriana, a era de ouro de Hollywood, as magrelas dos anos 60, as supermodelos dos 80 e as anoréxicas dos 90. Eu, que vivi todos esses tempos, não tenho favoritas e todas vocês e todos seus buracos me pertencem enquanto estiverem em minha presença. E como são meus, posso tanto dispor deles como emprestar ou ceder a quem eu desejar. Isso está claro pra você?
— Meu corpo é seu. - ela reafirmou.
Ele voltou-se para a escuridão atrás de si, se afastando. Alguns segundos depois, uma luz amarelada acendeu mais ao fundo da sala, revelando uma enorme escrivaninha. Na parede atrás dela, cinco cabeças pendiam. Não eram de animais abatidos, empalhados. Não. Eram cinco mulheres, com enormes gags metálicas na boca, exibindo forçosamente seus dentes. As cabeças se mexeram, incomodadas com a iluminação repentina. O Senhor pegou uma das cadeiras da frente da escrivaninha e a lâmpada se apagou, enquanto Ele voltava à divisa entre a luz e a escuridão. Sentou-se e girou os dedos no ar diante das bonecas. Houve uma movimentação rápida entre elas, então uma se levantou (uma de pele muito bronzeada e forrada de tatuagens) e se posicionou abaixada em frente a cadeira. Ele colocou cuidadosamente os pés cruzados por cima da boneca e pareceu relaxar no assento.
Outra, branca como marfim, se levantou do sofá e caminhou até o Senhor. Devagar e graciosamente se prostrou com o rosto no chão, cruzando os braços para apoiá-lo. Seus cabelos enormes se espalharam pelo piso como um tapete ruivo, vistoso. Empinou ao máximo a bunda grande - em formato de coração - e em cima dela uma terceira boneca depositou uma taça com um fluido vermelho-sangue. E ela manteve-se assim, exposta e serena, servindo unicamente de adorno e apoio para a taça. E então o Senhor voltou ao rito de comandar todas as outras vozes para se comunicar com a Candidata:
— Sabe por que está nessa posição específica?
— Para lhe mostrar minha submissão e devoção... Senhor.
O não-vulto de batom novamente se inclinou adiante: "E sabe por que não ouve minha voz?"
— Eu não sei... Não sou digna ainda?
— Também, mas não. Assim como essa posição, isso serve para que aprenda a ter paciência. Vivemos num mundo muito dinâmico, muita coisa se perdeu. As pessoas são apressadas e não tem foco hoje em dia. Essa posição te ajudará a se concentrar em me servir.
— Essa posição moldará seu comportamento, te ensinará que é minha posse, minha escrava. - disse outra voz.
— Sempre que eu quiser inspecionar seu corpo, que é meu, ficará nessa posição. - sussurrou uma terceira boneca. - Você ficará nessa posição também para esperar alguma sentença ou punição minha. Ou tarefa.
— Você ficará nessa posição sempre que eu quiser te exibir para outros. Diga que está entendendo.
— Eu entendo. - a Candidata respondeu e as palavras - sôfregas, ansiosas - simplesmente escapavam de sua boca.
— Enquanto aguarda comandos, ficará nessa posição. Permanecerá assim até que eu ordene o contrário.
— Essa posição também serve para que eu tenha acesso fácil ao seu corpo todo, que me pertence.
— Ele inteiro te pertence, Senhor.
— Não tão rápido. Apesar de gostar de suas palavras, você fala demais. Eu não te ofereço nada, por que se entrega de maneira tão absoluta?
— Eu, eu... - engasgou, ela não sabia qual era a resposta "certa" a dar. Sentiu o rosto corar e queimar de vergonha.
— Acha que é um jogo, uma cena? Que vai satisfazer seu desejo de ser submetida sexualmente, sentir a dor que almeja, transformá-la em prazer e depois sair por aquela porta e voltar pra sua vida normal?
Silêncio.
— Não. Me emprestará sua vida - sua dor, prazer e sexo - por meses. Anos, talvez, se for obediente. Vai trilhar o caminho da magia da carne, a espiritualidade da submissão e será escrava não de um sacerdote, mas do próprio Deus desse caminho. E em troca disso o tempo passará sem tocar você. A morte só apavora as naturezas defeituosas. Minhas Bonecas são perfeitas.
A Candidata engoliu seco. Entrecortou a respiração ofegante, ainda sem saber o que responder.
— Pois eu sou um Deus do tempo. E ele não toca em mim e nem nas minhas. - essa frase Ele obrigou que todas, até a que servia de apoio a seus pés, dissessem em uníssono. Muxoxos abafados e úmidos vieram da escuridão ao fundo. Até mesmo as cabeças na parede professavam a voz de seu Senhor.
— Ele é o Deus moderno que nos tira a ansiedade, mas não a libido, e nos torna seres imunes ao amor. - elas louvaram.
— Entende o que te ofereço, criança? - todas bocas perguntaram.
— Eu entendo e desejo, meu Mestre. - a Candidata respondeu.
— Serei seu Dono. E dono algum no mundo poderia te dar o que lhe ofereço. Em troca será minha ferramenta, uma extensão contínua, 24 por 7, da minha vontade. Se eu lhe atribuir uma tarefa, espero que seja realizada prontamente e com eficiência, sem que eu precise te lembrar nem supervisionar.
— Assim será, Senhor. - a Candidata respondeu, cuidando para se manter graciosa e em posição.
Ele se levantou e caminhou até ela, segundos intermináveis. Parou diante de sua nova boneca e pela primeira vez falou, uma voz irresistível, autoritária, que ordenou:
— Abra a boca.
A Candidata obedeceu. Sua ansiedade era tamanha que faria tudo que Ele pedisse naquele momento. Ávida como estava para servi-lo, poderia inclusive matar. Antes que censurasse aquele pensamento tão estranho ele desapareceu, tão rápido e natural quanto veio.
A mão vigorosa pousou em sua cabeça, correu seus cabelos e rosto. Ela não sabia se podia olhar pra cima, mas sua visão periférica percebeu um movimento sutil nas narinas dele. Imaginou que ele agora sentia o cheiro mais íntimo dela, e isso desencadeou uma umidade vaginal obscena.
Ele tratou de erguê-la pelo queixo, o dedão passeando pelos lábios ansiosos. Delineou a boca da Candidata, devagar. Então forçou a entrada e ela, obediente, deixou que primeiro um, depois dois dedos entrassem e brincassem com sua língua e dentes. Ele apalpou os dois caninos, estudando cada detalhe de sua nova posse. Enfiou e tirou o indicador e o anelar, juntos e separados, algumas vezes.
— Não está molhada aqui como está lá embaixo. - as vozes voltaram a falar por Ele, e algumas delas se levantaram e aproximaram.
A primeira boneca estapeia o rosto da Candidata com as costas da mão, tapinhas leves, mas firmes, até que ela perceba que é para abrir a boca e mostrar a língua. Essa boneca passa o indicador uma, duas, três vezes naquela língua e então se debruça e solta - devagar, com uma calma muito estudada - uma enorme gota de saliva boca adentro da Candidata. Outras duas bonecas repetem o mesmo ritual, fornecendo suas salivas, umedecendo a novata e preparando o caminho para o Mestre penetrar e se satisfazer.
Quando as três voltam aos seus lugares, Ele entende que agora tudo está como deseja. Enche a mão com o pau rijo, os dedos poderosos abraçando a base e cobrindo as bolas. Ele parece muito maior assim. Então bate a glande contra a palma da mão esquerda, quatro, cinco vezes, pancadas secas que ela desejava receber no rosto. Um sangue forte irriga o membro, a glande dobra de tamanho num arroxeado escuro, lustroso, excitante de admirar.
Decidiu aplicar Nele a técnica do indicador livre, que é o dedo mais forte da mão e geralmente estraga uma boa punheta. Adorava punhetar seus parceiros, então se tornou uma perita no assunto, exercendo força apenas no mindinho, no anelar, médio e o polegar, abraçando a rola. O indicador ficava livre só para acariciar, aí era só estimular com a pontinha da língua e pronto, mais uma esporrada deliciosa de um homem satisfeito.
Mas então lembra que não pode usar as mãos. Lembra também da Secretária dizendo "Pelo amor de Lilith, molha bastante aquele pau."
Ela abre a boca e encosta a língua no freio, depois lambisca a lateral da cabeça. No mesmo movimento sobe e desce a língua devagar por toda a extensão, umedecendo. Lembra das dicas que recebeu e, confiante, percebe que está ereta com os seios empinados pra frente, para o deleite do Mestre. Segura firme os saltos das botas e engole a cabeça daquele membro com o maior prazer do mundo. Não sente mais nenhuma boneca no ambiente, só o Deus de sua devoção, já metade dentro da sua boca, pulsando nervosamente. Ela usa de seus truques labiais para que ele não sinta seus dentes e o engole com firmeza e ritmo. Um homem normal já teria entregado os pontos. Sente Ele pousando a mão esquerda em sua cabeça, enquanto empurra dentro dela. Empolgado. A mão direita fica flexionando, perto da coxa, e ela gosta de tudo que sente e enxerga. O pensamento que lhe ocorre agora é de ter encontrado seu lugar no mundo. Quando ela fecha os olhos para aproveitar o momento, escuta Ele mesmo ordenar:
— Olhando pra mim.
Ela encontra o olhar Dele e sua buceta se descontrola de vez. Ele empurra com alguma força agora - a mão sempre firme, mantendo sua cabeça na posição - e tudo o que ela sente é uma vontade absurda de ser maior, mais larga, mais úmida, mais acolhedora para receber tudo que Ele desejasse lhe dar. Ela se perde naquele olhar selvagem, aumentando o ritmo da mamada. Já não se pertence mais, só geme de maneira gostosa e úmida, implorando por um tapa com o olhar.
Torcendo para ser entendida, ela deixa escapar um som como se fosse engasgar e ele, cúmplice, percebe. Tira o pau devagar e ela, caprichosa, deixa um filete brilhante de saliva ligando o freio do membro nervoso à sua boca naquele momento tão íntimo. Ele lhe aplica um tapa forte, que só arde onde deve, na bochecha. As outras bonecas do recinto soltam um gemido em conjunto, um som tão orgásmico que qualquer homem gozaria na hora.
Ele já devia estar pra gozar e ela queria outro tapa. Não estava sendo boazinha o suficiente? Novamente pediu com o olhar, enquanto caprichava com a boca. Ele ergueu a mão e ela, por um instante, parou de mamar, esperando o barulho gostoso do tapa e a dor, que não vieram.
— Jamais pare de trabalhar quando o Mestre está quase gozando. - gemeram todas as meninas, se encolhendo nos sofás. Ele saiu da boca da Candidata, brusco, e voltou-se pra cima das outras. Uma delas, uma ninfa branquela com cabelo de arco-íris e metade da cabeça raspada num sidecut ousado, se ajoelhou diante Dele vestindo uma máscara de látex que trazia na mão. Era branca, sem olhos, o único orifício era uma vagina rosada que se abria na frente, onde deveria existir o nariz. Assim que ela ajustou a abertura em sua boca, o Mestre a pegou pelas orelhas e fodeu sua cabeça com força. Penetrava a máscara com tanta violência que toda sua musculatura contraía enquanto ele metia. Mais forte, cada vez mais rápido. A cena, assustadora, não condizia com o barulho úmido e excitante que faziam. A Candidata percebeu que as outras bonecas se tocavam, dedilhando umas às outras e deixou de se preocupar. Na verdade, a invejou. Queria ela ser usada daquela maneira crua, mas ele preferiu outra.
Não demorou muito para Ele gozar, urrando, arrancando a máscara da serva pra que todas pudessem vê-la. A moça cambaleou e se deixou cair de costas, arqueada, arfando e sorrindo ao mesmo tempo. Passava a língua afoita pelos lábios, colhendo o esperma farto. Entre as pernas abertas dela, a Candidata viu um grelo enorme, inchado, excitadíssimo com a cena toda. Ela jogava o quadril para o alto e tremia, recuperando o fôlego.
— Você não se ajoelharia diante de um Deus que te entrega tantas dádivas? - ela perguntou, com sua própria voz. Tinha o timbre de celebridade chata, uma garotinha de Youtube. - Eu troquei anos de aparelhos nos dentes pelo pau dele. Ele moldou minha boca pra fodê-la. A voz dele em minha cabeça acalmou várias paranoias minhas e levantou minha estima, que andava baixa.
— Eu tinha muita cefaleia, enxaqueca e cólicas menstruais terríveis. Ele me penetra em todos meus ciclos, aliviando minha pelve. Eu nunca mais sofri com isso. Anos sem sentir dor alguma, exceto as que ele nos submete. - disse outra voz, mais ao fundo.
— Ele penetra todas nós em nossos períodos. Ele ama e celebra nossos ciclos. - completou uma terceira voz. - Ele doutrina a fúria dos nossos úteros.
— De uma maneira primeva, ele sincronizou nossos ciclos. Não sabemos explicar como, isso só era comum quando as mulheres inconscientemente cooperavam entre si contra os haréns, alinhando seus períodos férteis para que um único macho não conseguisse procriar com todas ao mesmo tempo.
— Ele perverteu isso com sua vontade e agora nos possui.
A Candidata teve o vislumbre daquela figura máscula encharcada de sangue feminino, rastejando de maneira animalesca por aquela sala ampla, lambendo e se alimentando de cada vagina presente ali... Entendia o que elas diziam e também queria. Sempre preferiu sexo com penetração no período menstrual, seu clitóris ficava mais irrigado, sensível, fácil de gozar. Tão fácil quanto agora.
Ele voltou-se até ela ao perceber que estava pronta novamente. Os testemunhos, as validações da dominância dele, causaram o efeito desejado. Ela endireitou-se, mãos para trás, ansiosa, segurando os saltos. Correu a língua pelos lábios da maneira mais sexy que conseguiu, convidando-o a voltar à sua boca. Dando permissão para que Ele a usasse. Lembrou que a Secretária tinha elogiado seus seios e os empinou, exibindo os mamilos bonitos e rijos. Esperava porra neles também.
Dessa vez não foi tão paciente. Tomou-a pelos cabelos, juntando-os em seus dedos dominantes e invadiu seus lábios, latejando. Ela só abriu o máximo que pode para receber as estocadas vigorosas, decididas, do jeito exato que sempre gostou. Ele não deu a ela nenhum espaço para trabalhar, só foi usando sua boca, deixando claro que era apenas um orifício úmido e útil onde iria gozar.
Às vezes se forçava contra a parte interna da bochecha dela, mas quando a língua ia tentar lambê-lo, Ele voltava a meter, ritmado. Ela sentiu quando aumentou de diâmetro, alcançando mais fundo e antecipou a porra; queria a textura, o volume, o gosto, tudo. Ele podia ouvir o coração inquieto dela, batimentos acelerados, e aquilo o excitou ainda mais. Cada nova boquinha lhe trazia a sensação de vitória sobre a vida e morte. De domínio, de exercer sua vontade sobre o mundo. Abriu os dedos, enterrando nos cabelos, segurando firme o topo da cabeça dela até a estocada final. Urrou, triunfante, despejando outra quantidade enorme de esperma dentro da boca da Candidata.
Ela se reclinou para ser inspecionada, e o fez de maneira inconsciente, treinada, mesmo sem lembrar exatamente da dica da Secretária. Gostou do olhar perscrutador dele, fixo, selvagem, enquanto tirava o pau, teso, passando-o no nariz dela, seu cheiro penetrando, se misturando nela por dentro. Ela dá uma lambida carinhosa no saco e o Mestre abre os braços, um sinal para que as outras se aproximem para lambê-la.
Línguas safadas, molhadas e famintas, limpando tudo, colhendo cada gota da porra que escorreu, lambendo-se entre elas e beijando a Candidata ao mesmo tempo. Dezenas de beijos quentes, úmidos, lascivos, uns mais demorados que outros, de todas as bonecas ungidas com o sêmen Dele.
Por um segundo apenas - um flash absurdo - tudo ficou vermelho e o fluido que lambiam era sangue. A Candidata abre os olhos e encontra aquela glande melada a centímetros do seu rosto, ainda pulsante.
— Feche os olhos. - pediram as línguas, todas, ao seu redor.
E ela obedeceu, e o líquido morno batizou sua testa, descendo por todo seu rosto, colo e seios. O contato daquilo com os mamilos foi excitante, mas ela quase enlouqueceu foi quando sentiu escorrendo por suas coxas. Era a primeira vez que lhe banhavam com urina e ela - que pensava que se sentiria suja de alguma maneira quando acontecesse - percebeu-se diferente. Seus preconceitos pareciam todos descendo junto àquele mijo. Sentiu-se lavada, limpa, despida de tabus, entregue e marcada aos pés do Mestre, como sua cadelinha obediente.
Ela só despertou desse estado de êxtase quando ouviu passadas vigorosas de botas se aproximando. Era a Secretária, que caminhava até eles. A negra o reverenciou e Ele comandou com uma urgência mais sexual e animalesca do que ríspida.
— Eu quero que seja a Pantera. Na cadeira, agora.
E Ele apontou para o móvel, a luz trazendo da escuridão uma antiga cadeira de braços. Classuda, a madeira marrom aristocrática era toda trabalhada e o assento, em couro pirogravado com o Brasão de Sistinas, emanava a energia sexual das centenas de mulheres que foram possuídas e sodomizadas ali.
A Secretária se ajeitou na cadeira, empinando-se ao máximo, uma pose exuberante e provocativa. Aberta, exposta para que Ele a pegasse de jeito por trás. As unhas sobrenaturais cravaram na carne macia daquela bunda enorme. Ele grunhiu e ela gemeu em reposta quando se encaixaram. Um gemido doce, sonoro, de fêmea querendo ser preenchida, aceitando a dominância.
A Candidata adorava assistir aquele tipo de coito, era muito voyeur, e Ele parecia saber disso. Talvez não, talvez todas ali fossem, mas preferiu pensar que Ele sabia e isso a excitava mais e mais. De onde estava ajoelhada pensou que era sexo anal até que os sons úmidos e movimentos mostraram que não. Sentia cada estocada como se fosse em seu próprio útero e também quis sentir aquelas garras predatórias rasgando suas nádegas, explorando suas zonas erógenas até o âmago do desejo.
— Fala pra ela. - Ele ordenou, se enfiando nela inteiro, até a base.
— Hoje
— … você não será penetrada. - começou a Secretaria, rebolando, formando as palavras com esforço entre os próprios gemidos - Mas será, obrigatoriamente, na sua próxima sessão...
O ritmo das estocadas aumentou e, entre os sons úmidos do pau alargando a buceta encharcada e as pancadas das nádegas contra a virilha Dele, ela continuou falando:
— Até lá só tem permissão para se satisfazer - ohhhhhhhOHHHHHH, sozinha... ou com brinquedos, mmmmmmmmm
— … nunca OOOOOOOH - ela arregalou os olhos nesse momento - nunca com outra pessoa.
A Candidata, excitada com o tesão transbordante da cena, apenas acenou com a cabeça. Como aquele homem era insaciável, imaginou que a próxima sessão não tardaria.
O dedão esquerdo Dele desapareceu dentro do rabo da Secretária e ela uivou, a pantera-negra, suando, jogando-se para trás contra ele, querendo mais, que enterrasse tudo que queria nela.
— Digaahhhh - ela gemia - diga que OHHHH, que está... Diga pra Ele que... que está entendendooooOOOHH Senhormmmm...
— Eu entendo e aceito, meu Senhor. - respondeu a Candidata, elevando a voz, temendo não ser ouvida. Seu sexo pulsava de tanta vontade, nunca tinha estado tão pronta e receptiva para uma penetração como naquele instante mágico.
"Somente poderá ser preenchida pelo membro dele", uma voz tão sinistra quanto sexy sussurrou em sua cabeça.
Queria que Ele percebesse, seja pelo rubor na face dela, pelo cheiro, pelo olhar suplicante, queria que Ele a tomasse ali mesmo, diante de todas outras. Queria se abrir diante Dele, que o membro Dele se umedecesse nos desejos dela. Que a boca Dele a mordesse e xingasse, que aquelas mãos...
Nesse momento Ele passou a mão por cima da cabeça da Secretária e seus dedos alcançaram a boca da serva, que gemia. Travou as articulações dos quatro dedos na arcada dentária superior dela e puxou para trás, contra si; a mulher arqueou-se toda e soltou o último grito, se desmanchando em gozo, as mãos crispadas no encosto da cadeira. Ela se encolheu, ainda tremendo, o clitóris palpitando de tanta sensibilidade.
Ele lhe ofereceu novamente o membro que ainda latejava, molhado e brilhante do orgasmo dela. Queria gozar em outro buraco da serva.
Ela ainda teve uns dois, três espasmos, gemendo alto, arfando e então se deixou escorregar da cadeira para o chão. Foi até ele de quatro, com sua graça felina, a pantera sexual de ébano, pronta para mamar.
Ela primeiro lambeu, preparando, depois abocanhou e foi com a cabeça, devagar, até encostar a testa na pélvis dele. Ficou um tempo com tudo dentro da boca, então dispara num vaivém rápido, o batom dos lábios grossos deixando o membro avermelhado, brilhante e ainda mais tenso, até a ejaculação, no fundo da boca. Treinada, ela apenas acusa o jorro líquido com os olhos, mas não engasga.
Todas acordam do intenso transe sexual do ambiente quando Ele fala:
— Não engula. Em quinze minutos você recepcionará outra candidata, outra doadora de sexo, mas que não tenho interesse no momento. Deve despejar minha porra na boca dela. Seja criativa quanto a isso.
A Secretária sorriu com o olhar, assentindo, e Ele lhe estendeu a mão, erguendo-a.
— Recomponha-se para recebê-la com a elegância de sempre. Ordene que volte daqui a três dias. E depois me conte em detalhes a reação dela ao seu beijo denso. Isso irá influenciar nas minhas intenções com ela.
Enquanto a Secretária saía de cena, a Candidata se permitiu admirar o Senhor das Bonecas. Era um rosto marcante, com queixo largo, pronunciado, que Lhe conferia um aspecto autoritário. O maxilar quadrado combinava de um jeito impossível com os cabelos compridos, escuros como a noite. Tinha veias saltadas nos músculos do abdômen, pernas e panturrilhas grossas, um homem no auge de sua forma física. Não era um corpo artificial talhado em academia; era todo natural, feroz, uma beleza rústica. Sua figura toda lembrava uma estátua clássica e os pés acentuavam essa semelhança, ainda mais agora que o membro repousava flácido.
A Candidata desejou testemunhar de novo aquele pau endurecer. Aquela glande arroxeada, impetuosa, irrompendo em direção a todas elas, as veias grossas, salientes, irrigadas pelo poder do sangue... Um cajado embebido pelos fluidos sexuais de suas servas.
Ele não exalava nenhum perfume amadeirado caro, como todos os homens que ela tinha se acostumado a escolher para transar. Ela, que relacionava perfume a poder, agora se embriagava pelo cheiro de sexo que emanava Dele, do sexo de todas elas misturadas. Era um macho impressionante, imponente em seus domínios e ela, mesmo sendo mais alta, agora estava ali, prostrada aos pés Dele, desejosa de servir e se dobrar aos caprichos daquele Senhor.
— Ele não quer que nenhum homem penetre você; nem brinquedo, nem mesmo outra mulher com acessórios. Deve abrir seu sexo somente para Ele na próxima sessão. - recitou uma boneca ruiva pequena, magérrima, toda cheia de sardas.
— Sim. - assentiu a Candidata.
-Depois de consumado, todas nós penetraremos você. - a sardenta sorriu com dentes lindos.
— Todas não, Onça Pintada. - Ele interrompeu - Apenas as que desejarem o sexo dela.
— Todas nós a queremos, Senhor. - elas responderam, e a Candidata não sabia se aquilo era bom ou ruim. Mas soou delicioso.
— Já que todas a acolheram e aceitaram, devo marcá-la, como minha propriedade.
Ele se aproximou, não trazia nada nas mãos.
"Me marcar como? Achei que a urina já..."
— Abra a boca.
Obediente, ela abre. Ele enlaça o próprio saco entre os dedos poderosos e esfrega o escroto nos lábios dela, que por sua vez o besunta com saliva farta, para que ele possa deslizar gostoso. Ela entende que deve se inclinar para frente e os seios fartos saltam com a iniciativa dela. Ele gosta do que vê, e desce o saco para se esfregar entre aqueles peitos macios. A mão esquerda puxa o membro pro lado, que já está meio endurecido novamente. Ela, apesar de esperançosa, sabe que não será penetrada por aquele membro nervoso, mas gosta de tê-lo ali, diante de seus olhos suplicantes. Ele ainda reveza algumas vezes essa coisa de correr o saco entre os seios e voltar a passá-lo nos lábios dela.
Então Ele a agarra pelo queixo e com a outra mão puxa suavemente o lábio inferior da Candidata.
— Fique calma. Te marcarei como minha nova boneca, minha serva, minha propriedade. Essa marca ficará aqui - e tocou com sua unha pontiaguda na mucosa interna do lábio inferior dela - um local discreto e que só quem é íntimo seu tem acesso. Peço que não mostre a quem não entende.
Ela, de boca aberta, concordou com a cabeça, olhar, coração e sexo.
— Vai doer um pouco enquanto rasgo meu nome em seu lábio. Molharei com meu sangue para cicatrizar rápido, sem os danos de tatuagens mundanas.
— Mesmo assim, evite bebidas alcoólicas, frutas ácidas e comidas muito gordurosas nos próximos dias. - advertiram as bonecas, todas bem próximas agora para acompanhar o ritual da Marca.
— Eu te vivifico com meu sangue - Ele começou, enquanto a unha desenhava duas curvas doloridas, a unha serpenteando pela mucosa.
— Essa noite você morre para o mundo. - agora riscava algo parecido com um triângulo. Oito riscos rápidos, subindo e descendo, rasgando. A unha a penetrava em movimentos tão firmes e graciosos quanto doloridos.
— Morta para o mundo... - ela sentia outro triângulo sendo talhado. Seu corpo entrou num transe extático; pupila dilatada, respiração ofegante, todos os pelos arrepiados. Mamilos e grelo rijos, doloridos. Nunca tinha sentido tamanha excitação e agora só queria ser arrebatada por aquele turbilhão de sensações.
— … e viva apenas para mim e meus caprichos. - dois rasgos rápidos (um C cortado?) e então mais outras duas linhas, e está feito. Ele tira a unha devagar, admirando a escrita.
— Agora diga meu nome, criança. Diga o nome do seu Dono e Senhor.
Até aquele momento ela não sabia, mas ao passar a língua pela marca e sentir o sangue Dele nela, o nome veio claro e limpo em seu coração e mente. Esse nome evocava apenas uma vaga lembrança de um demônio arcaico da sua infância no colégio de freiras. Não era a mesma entidade, óbvio, mas em malícia e sedução pareciam da mesma estatura.
— Sammael. - ela respondeu e todas as bonecas presentes se rejubilaram.
— Que lugar é esse, Cassandra? - perguntou a Secretária - Sirvo o Mestre há anos e nunca estive aqui.
A torturadora pessoal de Sammael deslizou fácil a enorme porta do galpão, com uma força que não combinava com seu porte físico. A negra era bem mais alta que aquela moçoila de aspecto frágil.
— Se nunca esteve aqui, é porque Ele te considera uma serva leal. Exatamente por isso é que chegou a hora de você conhecer o depósito de bonecas quebradas.
— Bonecas o quê?
— Nunca se perguntou o que acontece com elas quando traem ou desagradam o Senhor?
— Tento não pensar nisso.
— Faz bem. - comentou Cassandra enquanto destrancava a terceira porta seguida.
— É verdade que Ele às vezes usa uma focinheira na foda, pra não morder muito e matar a parceira?
— Ele usou por um tempo, sim, mas hoje em dia não mais. Agora, sobre as bonecas...
— O que tem elas?
— Você conhece alguns casos, né? A que perfurou os próprios tímpanos pra parar de ouvir a voz e os comandos Dele. Da outra que Ele arrancou a pele inteira e a mantém numa roupa de látex. São tantas, elas...
— Achei que eram lendas apenas. - interrompeu a Secretária, com medo de ouvir mais.
— Vou te dar o benefício da dúvida.
Por fora a construção parecia abandonada. O bairro distante, ermo, também contribuía com o visual decadente. Mas ali dentro o cenário era muito diferente. As paredes eram bem pintadas e o piso estava tão limpo que chamava a atenção.
Aos poucos sua visão se acostumou com a luz fraca e a Secretária ficou chocada com o que viu: dezenas de bonecas jogadas por todos os lados. Espalhadas pelo chão, encostadas nas paredes, algumas amarradas no enorme corrimão da escada que levava ao mezanino. Outras foram transformadas em mobílias humanas; assentos e mesas. Cada canto do ambiente tinha uma boneca em pé como suporte dos pálidos abajures. Envoltas em látex e plástico, ao longe pareciam estátuas. E talvez fossem. Deviam ser.
"Tomara", pensou a Secretária.
— Por aqui. - conduziu Cassandra, destrancando uma porta lateral. Um lamento baixo enchia aquele aposento. A Secretária sentiu o peito apertar quando encontrou três bonecas na posição de inspeção. Estavam tensas e seus olhos se arregalavam o tempo todo em direção à porta, antecipando a chegada Dele.
Alguns minutos depois, quando a Secretária ia perguntar, Sammael entrou e as três se atiraram pra frente, oferecendo seus pescoços para mostrar obediência e submissão. Imploraram por piedade.
— Vivemos numa época em que a aparência é mais importante que tudo. Eu lhes ofereço deixar de envelhecer, se manterem jovens e lindas para sempre... e vocês me traem? - ele rosnou.
— Clemência Senhor! - choramingou uma, cabelos curtos platinados, com alargadores enormes nas orelhas e lábios cheios. Os ombros eram dominados por tatuagens de mandalas azuis.
— Não sou digna, mas se me permitir... - ia começando outra, uma moça muito branquela e esguia, cujos longos cabelos escorriam e cobriam suas costas até chegarem ao chão. Um véu natural preto, que contrastava com a pele alva.
— Silêncio. - Ele ordenou e elas se calaram. - Olhem para a Cassandra. Ela cruzou meu caminho há mais de 20 anos e desde então não envelheceu um dia sequer.
— Eu te agradeço pela dádiva do sangue, Mestre. - falou Cassandra, em tom baixo.
— Senhor, nos perdoe. O que podemos fazer para te agradar? Estamos dispostas a tudo que nos pedir!
— Não podem barganhar isso. Vocês já aceitaram fazer tudo desde que decidiram me servir. Como seu Dono eu já possuo tudo. Mas agora não há mais nada que eu queira de vocês.
As três se desesperaram, e uma delas implorou:
— Senhor, não nos deixe trancadas aqui, por favor. Aquela boneca ali teve espasmos a noite toda. - choramingou, apontando para uma roupa completa de látex disforme caída na penumbra de um dos cantos, sem olhos, boca nem orifício algum. A Secretária tinha visto quando entrou, mas achou que era apenas uma roupa largada. Olhando direito percebeu a maciez das formas que preenchiam o látex, tinha mesmo alguém - algo - ali dentro.
— Oh, mas ela não é uma boneca... É uma vampira, assim como Cassandra. Eu aconselho não se exaltarem muito, pra não despertarem essa bela adormecida. Apesar de fraca pela falta de sangue, ela pode destroçar todas vocês pra conseguir beber novamente.
— Mas não temos presas para enfrentá-la...
— Então morrerão. - ele retrucou, seco.
A terceira entre elas tinha olhos enormes, azuis, tão límpidos quanto o mar de alguma ilha paradisíaca. Ficaram ainda mais chamativos quando ela começou a chorar:
— Senhor, lembra do que mais gostou em mim? Do que mais te deu prazer? - e então ela desenrolou uma língua comprida, úmida e obscena por entre os lábios - É com esse seu objeto de desejo que te peço clemência. Me permita te dar todos os beijos que o Senhor gosta, lamber teu rabo como uma cadelinha feliz e grata.
A moça platinada se voltou para ela e, com sua língua pequena e delicada, passou a lamber o músculo enorme que saía da boca da outra, uma cena que deveria ser excitante em qualquer outro cenário. Ali, naquela masmorra, só parecia forçada, um ato aflitivo entre duas condenadas.
— Se satisfaça conosco, Mestre. - pediu a boneca que não participava do beijo - Molhe a língua dela como quiser e nós a chuparemos para o seu deleite.
A terceira, olhos azuis fechados, se enterrava demoradamente na boca da parceira, que por sua vez sugava quando entrava e lambia quando saía, num duelo de línguas úmido e hipnótico, que já estava mexendo demais com a libido da Secretária. A dedicação provocativa das duas mudou o ambiente, não pareciam mais condenadas e sim duas succubi se alimentando da luxúria de suas bocas. Cassandra até pensou que Sammael se entregaria àquela cena, afinal aquela era a única boneca que dera um beijo grego nele. O Mestre não gostava muito dessa prática. Já tinha insinuado que submetia homens assim, mas era mais pela dominação de seus pares em outras eras do que por prazer.
Mas daquela língua ali ele gostava genuinamente. Pudera, todo mundo que a via se mexendo daquele jeito, serpenteando molhadinha à procura do prazer, desejava senti-la também. Cassandra queria, até a Secretária queria. Encostou as coxas, numa vã tentativa de controlar o comichão entre as pernas.
Mas Sammael, o grande Mestre cultista, o vampiro hedonista, dessa vez controlou a própria vontade:
— Tenho outro assunto que pede minha atenção agora. Talvez vocês ganhem uma quarta companheira de cárcere, mas o provável é que eu queira vê-la por dentro...
As três desabaram a chorar, copiosamente.
— … pra saber o que ela esconde de mim - ele completou, sombrio. Deixou o aposento, seguido pela Secretária e por Cassandra, que trancou a porta - e as lamúrias - atrás de si.
— Ela está pronta?
— Sim Mestre. - respondeu a vampira, tomando a dianteira e abrindo uma nova sala escura. Acendeu a solitária lâmpada do teto e sua luz amarelada caiu em cima de uma cadeira rústica, a única coisa dentro do aposento.
A Secretária controlou a própria reação diante do que viu exposto no meio da sala: uma boneca imobilizada na forma dolorosa de cadeira. Seus cabelos, metade loiro e metade preto, banhados de suor. Um dos cílios postiços se soltara. Ela tinha as mãos algemadas pra trás, por baixo do quadril. As pernas abertas, desesperançadas, jogadas pra cima enquanto amarras de couro prendiam suas coxas nos braços da cadeira, expondo sua genitália.
A Secretária a reconheceu, apesar de sentir falta do vestido vermelho esvoaçante que ela usava quando se viram anteriormente.
— Quando o Mestre te fizer alguma pergunta, responda com a verdade e com o mínimo de palavras que puder. - disse Cassandra, num tom de voz grave.
— Por favor - começou a boneca, a rouquidão de quem já tinha gritado por horas - me tira daqui. Confesso o que você quiser ouvir.
Sammael permaneceu quieto, se alimentando do sofrimento dela. Esperou que ela falasse de novo, que contasse o que Ele desejava saber.
— Foi porque eu não aceitei o beijo branco da sua secretária? Então me dê agora toda sua porra, sou mulher que mama direto da fonte e vou te mamar com tanta devoção que nunca esquecerá meus lábios. Me solta e vamos nos entender...
— Bela tentativa, apesar de tola e desesperada. Eu não sobrevivi tanto tempo sem minha dose de paranoia, criança. Sou cuidadoso quanto a todas que me cercam. Eu não sei como descobriu minha seita e você gaguejou ao responder quem tinha te indicado. Disse palavras escondendo outras.
— Eu, eu... - ela ousou gaguejar de novo, talvez por cansaço ou confusão mental. O vampiro se enfureceu:
— Pois eu vou arrancar a verdade de você nem que tenha que te abrir inteira.
Ele se curvou nela, lhe mostrando as unhas gigantescas, dançando os dedos de maneira ameaçadora e a vítima sacudiu a cadeira numa infeliz tentativa de se encolher diante Dele. Ela o sentiu primeiro dentro de sua cabeça, aos poucos percebendo o quão perdida estava. Seus olhos lacrimejaram. Mas sua boca, de maneira desconexa com a própria mente, riu debilmente. Um riso nervoso misturado com choro.
Aberta e indefesa como estava, não conseguia controlar nem a própria bexiga. Sua urina escapou, devagar e quente, antes do primeiro grito.
Comentários do autor
A segunda parte do conto "O senhor das bonecas" foi escrita em 16.10.21.